O Ibovespa teve nesta quarta-feira (26) seu pior pregão desde o “Joesley Day”, em 18 de maio de 2017. Naquele dia, o índice desabou 8,8% devido à notícia de que o ex-presidente Michel Temer teria sido gravado pelo empresário Joesley Batista supostamente comprando o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
Hoje, a queda da Bolsa foi resultado do aumento no número de casos do coronavírus no mundo inteiro durante o feriado de Carnaval. Além do surto na Itália, houve o primeiro diagnóstico confirmado da doença no Brasil.
Tudo isso aconteceu enquanto a B3 estava fechada por conta do feriado, de modo que o mercado brasileiro respondeu com defasagem aos efeitos que já tinham sido sentidos no mundo inteiro. Desde a sexta-feira (21) o índice americano Dow Jones caiu 6,8%, ao mesmo tempo em que o S&P 500 recuou 6,44%.
O dia hoje, foi, portanto, de seguir o movimento dos ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas nas bolsas dos Estados Unidos) durante o feriado de Carnaval. O Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que compila o desempenho dos 20 ADRs brasileiros mais líquidos no mercado americano, teve queda de 4,81% na segunda-feira e baixa de 1,99% na terça, acumulando baixa de 6,71% em apenas duas sessões por conta da proliferação do coronavírus.
Nesta quarta, o Ibovespa caiu 7,00%, aos 105.718 pontos com volume financeiro negociado de R$ 32,855 bilhões.
Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em março avança 1,34%, a R$ 4,4505. O dólar à vista registrou alta de 1,16%, a R$ 4,4434 na compra e R$ 4,4441 na venda.
O que ajudou a segurar o câmbio foi a atuação do Banco Central, que ofertou 10 mil contratos de swap cambial, que equivale à venda de dólares pela autoridade monetária no mercado futuro. Para amanhã está agendada a oferta de mais 20 mil contratos.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe oito pontos-base a 4,77%, DI para janeiro de 2023 tem alta de nove pontos-base a 4,37%. Já o DI para janeiro de 2025 avança 14 pontos-base a 6,20%.
O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, um termômetro do risco-país, teve novo dia de alta, subindo para 106,4 pontos, ante 100 pontos da véspera, por conta dos temores no mercado financeiro mundial com o coronavírus. É o maior nível desde 28 de janeiro. Desde o começo de fevereiro o CDS vinha sendo negociado abaixo dos 100 pontos e, na mínima em uma década, foi a 91,8 pontos no dia 20.
Coronavírus
Nesta quarta, o Ministério da Saúde confirmou, hoje, o primeiro caso de um brasileiro infectado pela Covid-19. No momento, há vinte casos suspeitos da doença no país. Os casos suspeitos estão assim espalhados: Paraíba (1), Pernambuco (1), Espiríto Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2) e Santa Catarina (2) e São Paulo (11). Cinquenta e nove casos suspeitos foram descartados.
Em coletiva, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a contraprova foi feita por segurança e que a partir deste primeiro caso poderá ser avaliado como o vírus “se comportará em um país tropical”. “Vamos mapear para tentar entender o deslocamento do vírus”, disse.
Na Itália, o número de mortes subiu para 11 e o número de casos está em 322. Foi confirmado também o primeiro caso na Catalunha, levando o total na Espanha para cinco. No Irã, foram relatadas 95 infecções e 15 mortes.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou durante coletiva de imprensa que o governo americano está “profundamente preocupado” com a possibilidade de o Irã ter suprimido informações vitais sobre os casos de coronavírus no país.
O número de pessoas contaminadas ao redor do mundo ultrapassou 81 mil na manhã de hoje, a imensa maioria na China (78 mil casos) mas com a Coreia do Sul superando os mil casos confirmados hoje – 1.146 pessoas estão infectadas, informou o governo sul-coreano, com 11 mortes.
A Apple perdeu US$ 109,2 bilhões em valores mercado em dois dias, valor equivalente a “duas Vale” (VALE3), conforme dados da Economatica, já considerando a forte queda de 9,7% da mineradora nos últimos dois dias.
Economia
Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central mostrou que o mercado reduziu de 2,23% para 2,20% a projeção de crescimento da economia brasileira em 2020. As projeções para o PIB do Brasil em 2021 e 2022 mantiveram-se inalteradas em 2,5% para cada ano.
A pesquisa Focus mostrou que o mercado também projeta uma inflação menor para o país em 2020. Agora, o mercado espera que os preços medidos pelo IPCA subam 3,20%; a projeção anterior era de um IPCA de 3,22% para o fechamento de 2020.
O mercado também alterou levemente a projeção para o câmbio neste ano, de R$ 4,10 por dólar para R$ 4,15 por dólar. Projeções para a taxa Selic mantiveram-se inalteradas em 4,25%.
Fonte: Infomoney